40. CAPÍTULO QUARENTA
CAPÍTULO QUARENTA
❛ ato dois: a ordem da fênix ❜
NA NOITE SEGUINTE à abertura dos presentes houve um grande jantar preparado por Molly com a ajuda de Remus e Penny. A mesa ficou colorida com tantas decorações e cores que podiam ser vistas. No meio havia velas e de vez em quando um enfeite de Papai Noel em um trenó passava sobre suas cabeças, provocando pequenas risadas de diversão e ternura.
Erika desceu para jantar nervosa, após a troca de presentes ela não pôde deixar de sentir vergonha por não ter dado absolutamente nada para ninguém. Embora na verdade ela soubesse que o motivo de suas ações era Hermione.
Que novidade...
Durante a tarde Erika foi para seu quarto e começou a processar um pouco o que havia acontecido, Hermione a elogiou e ainda por cima pediu que ela visse os livros das criaturas juntas. Se ela tivesse mais fé ela começaria a ficar animada, para ela era um encontro perfeito para ver um livro sobre criaturas e ler juntas enquanto olhavam as ilustrações, mas claro, Hermione provavelmente estava sendo legal e só queria ver o livro. Ela não pensaria tanto durante aquela sessão quanto Erika, que ficou tão consciente de seus sentimentos que começou a sofrer as consequências deles.
Ao tirar uma soneca sonhou que chegava ao apartamento de Danielle, era Natal por causa das decorações que ela podia ver a olho nu e ela não estava sozinha. Quando sua perspectiva mudou ela percebeu que estava ao lado de Hermione, ambas de mãos dadas andando pelo apartamento de sua irmã mais velha como se fosse a coisa mais comum do mundo. Parecia real, as vozes, o toque de Hermione quando ela arrumava o cabelo dela, a proximidade quando de repente elas começaram a se aproximar a um passo do beijo...
Erika decidiu acordar.
Acordou com o rosto queimando e a respiração difícil, o coração batendo a mil por hora a ponto de doer, embora fosse uma dor totalmente diferente daquela que ela vinha sentindo ultimamente. Foi uma dor ligada à sua vergonha. Ela conseguiu dormir bem pela primeira vez e seu subconsciente pregou uma peça nela, fazendo-a sonhar com sua vida ideal com Hermione saindo como namoradas para um jantar em família.
Como ela seria capaz de olhá-la nos olhos quando a encontrasse?
Mas, como sempre, o destino pregou uma peça nela quando se tratava de Granger.
Quando ela chegou para jantar foi até uma das cadeiras vazias, mas parecia que Hermione também pretendia sentar ao lado de Lupin, o que resultou em ambas se esbarrando quando pretendiam sentar na cadeira ao mesmo tempo.
— M-me desculpe! — Erika exclamou, tensionando os ombros enquanto dava um passo para trás.
— Tudo bem, posso encontrar outra cadeira. — a Grifinória tranquilizou com um sorriso.
— Não, não, posso procurar outra. — Erika insistia enquanto andava para trás, o que sempre dava errado.
Quando seus nervos estavam à flor da pele ela ficava mais desajeitada que o normal, em algum momento daquele ano Danielle a comparou a Tonks em níveis de desajeitamento e Erika não pôde deixar de ficar um pouco ofendida, mas naquele momento ela entendeu uma pequena porcentagem disso.
Ao recuar rapidamente, seus pés ficaram presos na perna da cadeira atrás dela, fazendo-a perder o equilíbrio por um momento. Ela conseguiu não cair, mas conseguiu fazer papel de boba na frente de Hermione, como estava se tornando habitual. Quando ela se recompôs, esticou as costas, ficando ereta para agir como se nada tivesse acontecido, mas a maioria dos presentes já havia testemunhado isso.
Com o rosto muito vermelho ela decidiu caminhar até um assento livre que ficava entre Tonks e George.
Como ela poderia sobreviver estando na mesma casa ou escola que Hermione agora?
Erika não podia se permitir agir daquela forma na frente dela, e se ela percebesse o que sentia algo por ela? Erika poderia ter problemas ou poderia simplesmente parar de falar com ela. Erika não conseguia imaginar não falar com Hermione agora, parecia um pesadelo.
Talvez ela estivesse exagerando um pouco.
Ou talvez não.
De qualquer forma, ter alguém parando de falar com você é horrível.
Talvez ela precisasse pedir conselho a alguém com urgência.
Portanto, assim que todos foram para seus quartos após o jantar, Erika tomou a decisão de pedir conselhos a Danielle e Penny. Claro, o casal discutiu, mas parecia que já haviam resolvido o problema depois da conversa que ela ouviu. Elas estavam em um relacionamento há anos e se conheciam desde pequenas, ela não poderia pedir ajuda a pessoas melhores do que as duas.
Ela chegou à porta do quarto da irmã e bateu duas vezes. Ao ouvir positivo para entrada, Erika abriu a porta e encontrou a irmã deitada na cama enquanto lia uma espécie de caderno antigo. Danielle baixou o caderno para poder ver quem estava entrando e ficou surpresa ao ver sua irmã mais nova parada enquanto olhava ao redor da sala.
— Tem alguma coisa errada? — Danielle perguntou erguendo uma das sobrancelhas.
— Ah, isso é... Penny foi embora?
— Não, ela está tomando banho. — Danielle disse a ela enquanto se acomodava melhor na cama e deixava o caderno de lado. — Por quê?
Erika balançou nos calcanhares e olhou ao redor da sala, as malas das duas estavam de lado e a penteadeira tinha alguns perfumes, cremes e maquiagens do casal. Ambas as camas estavam bem arrumadas e, na cama de Penny, havia uma espécie de kit de poções em miniatura, o que poderia significar que ela iria trabalhar em alguma coisa até ficar com sono.
— Vou esperar por ela então. — Erika murmurou simplesmente enquanto caminhava em direção à penteadeira para ver os diversos frascos de perfume.
Danielle olhou para as costas da irmã por alguns momentos e de repente uma ideia passou pela sua cabeça, seus olhos se arregalaram ao ter aquela revelação. Ela nunca pensou que esse dia chegaria, muito menos pensou que seria Erika quem queria começar isso.
Mas a irmã dela já era mais velha, ela estava na idade em que esse tipo de coisa deveria ser conversado, certo?
— Vamos ter... A conversa? — Danielle perguntou absorta, sem parar para olhar para a irmã.
O frasco de colônia que Erika tinha nas mãos escorregou assim que ouviu isso, com agilidade ela conseguiu agarrá-lo antes que caísse no chão e se quebrasse em mil pedaços e então o deixou no lugar e se virou completamente para a irmã. alarmado.
— O que?!
— Você sabe do que estou falando, da conversa! — Danielle gaguejou obviamente. — Se você está esperando a Penny para falar é porque quer nos perguntar coisas já que somos mais velhas e...
— N-não, não, Merlin, não! — Erika exclamou estupefata enquanto franzia a testa. — Por que eu iria querer falar sobre essas coisas com vocês?!
Danielle riu alto tanto da reação exagerada da caçula quanto do alívio de não ter que conversar sobre esse tipo de coisa com Erika de um momento para o outro.
— É que você vem com aquela atitude misteriosa, evitando me olhar nos olhos e esperar pela Penny... Eu presumi que...
Enquanto Danielle falava, a expressão horrorizada da Lufa-Lufa crescia cada vez mais. Ela não conseguia acreditar que sua irmã chegasse a uma conclusão tão exagerada apenas observando suas ações. É claro que ela ficaria nervosa em pedir conselhos sobre como agir na frente da garota que ela gostava!
— Não acredito que você chegou a essa conclusão boba! — Erika exclamou horrorizada. — Como você soube que se tratava disso? Pode ser qualquer outra coisa que eu queira conversar com vocês duas!
— Você está agindo de forma estranha desde manhã na frente de... — com um aceno de cabeça ela decidiu não mencionar que estava falando de Hermione para evitar que sua irmã entrasse em combustão, não sabia se ela já tinha percebido o que estava fazendo. — Presumi que você...
— Não, não, pare com isso! — ela a parou com o rosto corado. — Não é esse tipo de conversa! Queria lhe fazer algumas respostas - quero dizer, perguntas! — Erika rapidamente se corrigiu ao perceber que se enroscava nas próprias palavras. — Você me fez ficar presa! Você sabia? Esqueça, não vou falar com você sobre nada. — Erika gritou para se virar e sair, mas naquele mesmo momento a porta do quarto se abriu.
— Tudo certo...? — perguntou a loira que quase colidiu com uma exasperada Erika.
Penny olhou para as duas irmãs com curiosidade enquanto secava o cabelo com uma toalha, Danielle manteve um sorriso provocador enquanto Erika estava com o rosto vermelho brilhante. Ela imediatamente olhou para sua namorada repreendendo-a silenciosamente.
— Danielle está me incomodando. — a mais nova murmurou franzindo os lábios.
— Pare de incomodá-la. — Penny balançou a cabeça enquanto caminhava até a penteadeira para começar a pentear o cabelo molhado.
— Não estou incomodando você! — ofendida, a mais velha se defendeu. — Se ela viesse pedir para nós duas conversarmos sobre algo depois do que vimos no jantar, você não acharia que ela iria querer ter, sabe, a conversa?
— A... Conversa?
— A conversa.
— A conversa?! Erika quer que tenhamos essa conversa?
— Não quero essa conversa! — Erika reclamou em um grito que fez o casal pular levemente.
As duas se entreolharam surpresos por um momento e depois começaram a sorrir um pouco zombeteiro, elas esperavam há anos que um momento como esse chegasse. Erika era alguém que não pedia ajuda até estar com problemas até o pescoço, então era algo definitivamente importante para ela.
Danielle se moveu para o lado para dar espaço para Penny se sentar ao lado dela, ambas olharam para ela com simpatia, assumindo seus papéis de adultas responsáveis.
— Bem, sobre o que você quer conversar conosco então?
Erika suspirou pesadamente para tirar a vergonha de seu corpo, ela tentou organizar seus pensamentos e percebeu que falar sobre seus problemas era mais difícil do que ela pensava, a última coisa que ela queria era dar rodeios e acabar confundindo as mais velhas.
— Você disse... Eu agi de forma estranha no jantar. — Erika começou a falar mordendo a ponta da língua. — Eu estava... Muito estranha?
— Você é estranha por natureza, a verdade é essa. Ai! — Danielle reclamou após receber um golpe de Penny. — Bem, é mais que você agiu estranho quando se tratava de... Alguém.
— Você também percebeu? — Penny perguntou animada. — Eu não queria assumir coisas, mas tenho um olho muito bom para isso.
Erika coçou a cabeça nervosamente enquanto caminhava em direção à cama onde o casal estava sentados, sentou-se timidamente e baixou a cabeça, começando a se sentir mais nervosa do que o esperado.
— É... Muito óbvio?
Danielle e Penny abriram os olhos surpresas, esperavam algum tipo de desabafo dela mas descobriram que estavam certas.
— Espere, estamos certas?
— Não sei, a quem vocês estão se referindo?
— Bom, achamos que é...
— Hermione. — Danielle interrompeu abruptamente.
Penny suspirou exausta com o pouco tato que sua namorada tinha de vez em quando.
— A ideia era que fosse menos... Invasivo, querida.
— Ah... Me desculpe. — Danielle se desculpou quando percebeu seu erro.
Um pequeno sorriso apareceu no rosto de Erika enquanto ela os ouvia, era divertido ver sua irmã descuidada sendo colocada em seu lugar por Penny de vez em quando.
— Bem, sim. — Erika murmurou envergonhada, franzindo os lábios. — Eu gosto de Hermione e percebi isso há alguns dias, quando ela veio me visitar na enfermaria após vomitar sangue.
Danielle assentiu, não realmente surpresa por ser honesta. Ela notou o jeito que sua irmã olhava para a garota da Grifinória desde que se conheceram no Largo Grimmauld pela primeira vez, embora na época ela presumisse que já sabia, ela não achava que demoraria tanto para Erika perceber que estava olhando para Hermione com olhos diferentes dos outros.
Penny também percebeu isso, chegando a contar a ela que sua irmã estava apaixonada quando as crianças foram enviadas para Hogwarts. Ela não queria dar mais explicações e agora entendia tudo, Penny estava observando as duas à distância e percebeu os olhares que elas trocavam de vez em quando.
— Bem, o que você quer nos perguntar então? Como conquistá-la?
— Não, não, não é isso. — Erika imediatamente negou nervosamente. — É que... Desde que percebi que gosto dela, não consigo parar de agir como estúpida, tenho medo que ela perceba que gosto dela e as coisas fiquem estranhas.
— Por que seria desconfortável? Talvez ela goste de você também. — Danielle propôs.
— Ah, não, não. Eu não acredito nisso. — Erika murmurou indiferente. — Ela foi ao baile com Viktor Krum e com certeza tem uma queda por Ron.
Danielle e Penny tentaram conter o riso mas foi impossível, a morena riu alto enquanto a criadora da poção permanecia mais calma para não irritar a mais nova.
O rosto de Erika ficou vermelho de vergonha e raiva.
— O que? Por que vocês estão rindo? Vocês me fazem sentir uma idiota. — Erika reclamou baixinho.
Você está sendo idiota. — a mais velha apontou enquanto sua risada se dissipava. — Por que você acha que ela gosta do Ron? Porque eles são amigos de infância?
— Bom, sim, isso te dá uma vantagem, certo? — Erika obviamente enrugou o rosto. — Posso ver como ele a protege e ela o trata com bastante carinho com abraços e... Carinho nos cabelos.
— Bem, é assim que os amigos se tratam, Eri. Principalmente se eles se conhecem desde pequenos e já passaram por inúmeras coisas. — Penny explicou suavemente ao ver que a mais nova fez uma cara de frustração.
— É verdade, pense em... Não sei, Justin e você. Você cuida do Justin desde o segundo ano e é mútuo, certo? Acho que você nunca pensou que ele gosta de você porque cuida de você.
— Mas Justin é gay!
Danielle fechou a boca imediatamente com uma expressão chocada.
— Isso é novo. — Danielle murmurou, depois aplaudiu, indicando que uma ideia lhe ocorreu. — Bem, talvez Ron também seja gay e você esteja pensando muito nisso!
— Danielle, tenho certeza que Ron não é gay. — Erika retrucou, cruzando os braços enquanto Danielle caía de costas na cama derrotada. — E acho que Hermione também não.
— Por que? — Penny perguntou. — Você mencionou que ela foi ao baile com aquele Viktor Krum, Hermione pode ser bissexual. Isso não tira oportunidades.
Erika suspirou tristemente e olhou para baixo enquanto brincava com os cadarços dos tênis.
— Justin me contou como são os trouxas com relação aos relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, entendo que eles não aceitam bem e ver a situação do Justin me faz perceber que é verdade.
Penny fez um som de compreensão na garganta, ela sabia de onde vinha a preocupação de Erika. Ela não se sentia uma especialista no mundo trouxa, não era nascida trouxa mas conseguia entender certas coisas graças ao pai. Ela sempre se certificou de que ela e Beatrice entendessem pelo menos o básico do mundo trouxa e como passar despercebido nele.
— É verdade, não vou mentir para você, mas depende dos pais, Eri. — Penny disse se aproximando um pouco mais para que a garota de olhos azuis olhasse para cima. — Nem todos os trouxas são assim, meu pai aceitou muito bem quando eu contei para ele que era lésbica e estava namorando sua irmã.
— Mas ele enlouqueceu quando descobriu que sua mãe era uma bruxa quando você começou a mostrar sinais de magia infantil. — Danielle riu. — "Aceito que você seja homossexual e tenha namorada, mas estabeleço o limite quando se trata de minha filha mexer nos livros com a mente." — ela baixou a voz, tentando imitar o tom de voz do pai dos Haywood.
Erika riu ao lado de Penny, conversar sobre esse assunto com elas foi surpreendentemente confortável. Ela sentiu que ambas a entendiam suas inseguranças, nunca houve um momento em que ela não estivesse grata por Danielle e Penny estarem em sua vida.
— Acontece que você não pode presumir que ela não gosta de garotas só porque o mundo trouxa não aceita isso. — Penny apontou. — É até possível que ela goste delas, mas se sinta insegura com isso. Seja qual for o caso, você deve estar pronta para apoiá-la.
— E se der errado você sempre pode vir até nós e nós a aconselharemos. — Danielle comentou com um sorriso terno.
Erika assentiu em compreensão; era possível que, como sempre, ela estivesse pensando muito no assunto. Mas, como não? A sensação que crescia em seu corpo toda vez que ela via Hermione era tão forte que ela não sabia como se controlar, era como se toda vez que ela a via uma onda de emoção repentina a envolvesse e por isso ela sentia que qualquer coisa ela fez ou pensou que faria para Hermione notar.
— Não se preocupe com isso, entendeu? — Danielle se aproximou dela e falou baixinho. — É normal sentir emoções diferentes quando o assunto é amor, ao invés de ter medo de sentir, aproveite para se entender. O que você sente a respeito disso a ajudará a descobrir coisas sobre si mesma que talvez você não soubesse.
— Como o que? — Erika murmurou.
— Bem, como... — Danielle pensou por alguns segundos. — Como você é cuidadosa, por exemplo. Você prefere analisar tudo antes de fazer algo e tudo bem, mas também não precisa analisar por muito tempo porque as oportunidades podem passar por você.
— Deixe fluir, Eri. — Penny disse a ela com um sorriso. — Danielle tem razão, mas acrescentando à ideia dela o que você tem que fazer é deixar as coisas fluírem e não pensar tanto no que você faz ou diz quando está na frente dela. Absolutamente nada mudou, você apenas percebeu que a gosta mais do que o esperado.
Erika assentiu timidamente, era um bom conselho, sim, mas ela não tinha certeza se conseguiria usá-lo quando necessário. Ela não sabia como reagiria a Hermione novamente, sozinha ou algo assim. Ela apenas pediu para sua mente se acalmar e lembrar de cada palavra que Penny e Danielle lhe deram, ela não poderia voltar para Hogwarts e fazer metade da escola perceber que ela tem uma queda por Hermione Granger só por causa de suas ações desajeitadas.
Erika saiu do quarto depois de agradecer pela conversa, indo dormir esperando que no dia seguinte pudesse agir com Hermione como fez antes de perceber seus sentimentos. Ela sabia que seria difícil, como poderia agir normalmente sabendo que toda vez que a via sentia seu estômago embrulhar, seu coração bater forte e como um sorriso bobo aparecia em seu rosto sem sua permissão?
Ela se cobriu com os cobertores até a cabeça e fechou os olhos com força, começou a pensar em outra coisa para ajudá-la a adormecer, algo que tirasse de sua cabeça a imagem constante de Hermione ou tudo relacionado a ela.
Funcionou quando ela começou a contar porlocks pulando uma cerca, ela lentamente adormeceu até finalmente conseguir adormecer.
O que talvez tenha sido um erro grave.
A sensação familiar de algo percorrendo seus braços voltava lentamente de um momento para o outro, mas desta vez ela estava mais consciente de que eram dedos, dedos frios que percorriam seu antebraço suave e delicadamente até chegarem ao peito, onde inesperadamente sentiu um aperto. Aqueles dedos cruzaram seu peito até chegarem ao coração para apertá-lo com força.
— A garota... É de quem eu preciso... — aquela voz arejada e fria foi ouvida. — É dela que precisamos para completar o plano!
— E você vai conseguir, senhor. — desta vez a voz de seu pai foi ouvida. — Não permitirei que a ordem desperdice o poder que tem em mãos.
Porque ela tem que saber o que ela tem dentro.
Erika acordou abruptamente e do choque acabou caindo da cama de bruços, seu peito começou a apertar mais mas ela tentou se concentrar na sensação do tapete em seu rosto. Sua respiração difícil foi se acalmando, a dor em seu peito foi desaparecendo aos poucos, deixando apenas a leve dor da queda, ela sentiu um arrepio nas costas anunciando que era de manhã cedo e que a noite fria estava caindo sobre ela, revelando suas costas suadas.
Aos poucos ela começou a se levantar, seu coração batia forte e ela sentiu como se suas veias parassem de queimar por algum motivo estranho. Uma gota caiu de seu nariz e quando ela olhou para o pijama percebeu que estava sangrando novamente.
Ela não sabia o que tinha acontecido, aquela voz fria e sussurrante estava falando de alguém, não, estava falando especificamente dela. O pai dela também estava lá, pronto para levá-la até aquela pessoa ao mesmo tempo em que mencionava que havia algo dentro dela, embora em vez de dizer isso para quem estava falando, parecia que ele estava dizendo isso para ela. Por inércia sua mão foi até o coração sentindo seu coração bater rápido e forte.
Com a mão esquerda tentou estancar as gotas que caíam do nariz, caminhou até a porta com a intenção de estancar o sangramento do banheiro e se limpar para que ninguém desconfiasse na manhã seguinte. Erika não gostava de sangrar do nada, era desconfortável e assustador, além de manchar todas as suas roupas e era de conhecimento geral que manchas de sangue eram difíceis de lavar.
Ao abrir a porta ela viu uma figura a sua frente que a fez pular, por inércia ela procurou sua varinha mas obviamente não conseguiu encontrá-la, ninguém dormia com a varinha na barra da calça. Ela tentou pensar rapidamente em uma maneira de fazer alguma coisa, mas um perfume familiar a deteve imediatamente, aquele cheiro que ela reconheceria a metros de distância se necessário.
Ela ajustou sua visão para a escuridão, franzindo a testa. Quando finalmente conseguiu enxergar melhor, reconheceu os olhos amendoados de Hermione que, infelizmente para Erika, a olhavam com preocupação.
— Hermione...? — a voz dela saiu um pouco arrastada por estar com a mão pressionando o nariz.
— Você está bem? Ouvi uma batida vindo daqui... — Hermione murmurou, tentando ver melhor o rosto de Erika. — Seu nariz está sangrando? — ela perguntou alarmada.
A garota de olhos azuis assentiu e sem dizer nada caminhou até o banheiro seguida por uma morena inquieta que olhava para todos os lados com medo de acordar mais gente. Assim que Erika chegou ao banheiro, ela abriu a água enquanto se olhava no espelho. Ela se agachou para começar a molhar as mãos e passar água pelo nariz com a intenção de estancar o sangramento.
— Não, não. Não é assim. — Hermione entrou rapidamente e tirou um algodão que estava em um armário de remédios. — Venha, sente-se na beirada do vaso.
Hermione pegou seu pulso e a mais alta se soltou com um pouco de nervosismo, ela sentou-se obedientemente e observou enquanto ela se aproximava dela para colocar um pedaço de algodão em suas narinas enquanto apertava a parte macia dela.
— Segure o algodão e aperte como eu faço. — Hermione a instruiu com delicadeza e cuidado. — Agora incline a cabeça para frente. — ela gentilmente colocou a mão na nuca de Erika para ajudá-la a se abaixar.
A garota de olhos azuis ficou muito tempo naquela posição, de vez em quando ela olhava para cima para ver que Hermione não tirava os olhos dela. Ela parecia preocupada enquanto se encostava na parede à sua frente com os braços cruzados. Ela usava o cabelo bagunçado preso em um rabo de cavalo baixo e usava uma jaqueta nas costas, claro, fazia bastante frio já que era de manhã cedo e Erika era a única que sofria as consequências de sair do quarto sem casaco.
— Desculpe por te acordar. — Erika disse com dificuldade, tentando levantar a cabeça, mas Hermione a impediu colocando a mão sobre ela. — Não era minha intenção arrastar outra pessoa para perto de mim.
— Não seja estúpida. — ela repreendeu, franzindo levemente a testa. — Você teve um pesadelo ou algo assim?
Erika assentiu suavemente, assim que sentiu Hermione tirar a mão da cabeça, ela a levantou lentamente enquanto removia o algodão tingido completamente de vermelho. Ela verificou que não estava mais sangrando enquanto se olhava no espelho e começou a respirar pelo nariz novamente. Foi complicado, ela ainda tinha alguns coágulos de sangue, mas quando se livrou deles conseguiu recuperar a respiração normal.
— Acho que meu pai entrou na minha cabeça de novo para me mostrar uma coisa. — Erika murmurou, desviando o olhar do espelho. — Embora eu só ouvisse vozes e sentisse algo apertando meu peito novamente, estaria mentindo se dissesse que não me assustei pensando que era ele quem estava fazendo alguma coisa.
— Você está totalmente segura aqui. — Hermione assegurou séria, pegando a mão de Erika. — Você sente alguma dor?
— Não mais. — Erika balançou a cabeça e depois suspirou cansada. — Vou tentar dormir ou passar a noite, que horas são?
— 4:29.
— Provavelmente passarei por aqui. — ela murmurou, dando dois passos para ficar ao lado de Hermione. — Obrigada por me ajudar. Sinto muito pelo inconveniente.
— Não incomoda, Erika. Garanto-lhe que se Ginny não dormisse como uma pedra ela também estaria aqui.
Erika sorriu para ela e elas caminharam juntas até a sala. A garota de olhos azuis percebeu a baixa temperatura da noite agora que seu corpo havia esfriado, um grande arrepio percorreu seu corpo e ela mal podia esperar para chegar ao seu quarto para se aquecer.
— Você vai ficar bem? Amanhã voltaremos para Hogwarts, talvez você devesse dormir um pouco. — a morena sugeriu com as sobrancelhas franzidas para cima.
— Posso dormir no caminho, não se preocupe...
— Alguém deve se preocupar com você se não for você mesma. — Hermione disse agora, ficando séria. — Quer que eu te faça companhia?
Um silêncio imediato as invadiu, Hermione por um momento quis afundar ao sugerir algo assim tão de repente. Onde ela conseguiu coragem e confiança para sugerir do nada acompanhá-la até dormir? As duas coraram ao lembrar daquela noite na enfermaria sobre a qual, para piorar, não conversaram.
— É que... Não tenho outra cama no quarto. — Erika lamentou, abaixando a cabeça enquanto mordia a ponta da língua. — Mas, uhm... Se não for inconveniente para você... — ela deixou sua frase no ar, dando a entender que aceitou a proposta da Grifinória, ao perceber a expressão no rosto dela cheia de surpresa de seu oponente, ela sentiu a intenção explosiva de se explicar. — É que naquela noite na enfermaria, uhm, dormi sem problemas e presumo que seja porque você estava lá, e, uh...
Hermione olhou para ela, Erika parecia totalmente envergonhada de aceitar a proposta. Embora para a Grifinória naquele momento não se tratasse mais de dormir com a garota de quem ela gostava, mas sim de ajudar uma amiga a ter uma boa noite e descansar adequadamente. Ela não pôde deixar de querer cuidar dela depois de vê-la sangrando novamente.
— Posso dormir no chão se você quiser. — Hermione ofereceu com um sorriso ao ver o lado nervoso da garota de olhos azuis.
— Não, não! Eu durmo no chão, você dorme na cama.
— Você acabou de sangrar, Erika, não acho que seja...
— Por favor. — ela a interrompeu. — Só de saber que você está lá já me basta, não conseguiria dormir tranquilo se você estivesse no tapete.
Hermione pensou em rebater, ela estava totalmente determinada que Erika seria quem dormiria confortavelmente já que aquele era o quarto dela, mas quando viu a súplica nos olhos dela parou, em momentos como esse ela odiava ter fraqueza nos olhos de Frukke. Ela assentiu silenciosamente, seguindo a garota mais alta para dentro.
Erika tirou travesseiros e cobertores do armário que havia dentro do quarto, ela verificou se os lençóis estavam limpos, ela não ia deixar Hermione dormir na cama toda suja do suor do pesadelo, mas felizmente para ela estava limpa.
— Obrigada por aceitar. — Erika murmurou enquanto arrumava sua cama temporária ao lado da cama. — Contar porlocks para dormir funcionou para mim mas eu ainda tinha pesadelos, você acha que eu deveria contar alguma outra criatura para dormir?
— Não creio que os porlocks sejam o problema. — Hermione comentou divertida enquanto se acomodava na cama. — Mas talvez você devesse contar sobre uma criatura mais bonita.
— Sim, você está certa. — Erika disse a ela enquanto começava a se cobrir. — Vou contar os knarls, embora eles não possam pular, vou me certificar de que em minha mente eles possam.
Hermione sorriu olhando para o teto, sempre era bom quando a Lufa-Lufa soltava detalhes repentinos sobre alguma criatura nas conversas.
— Eles não podem pular?
— Bem, sim, eles podem, mas não muito. Eles saltam muito baixo. — ela comentou. — Eles têm medo de altura, pode ser por isso.
Ambas permaneceram em silêncio, Hermione não conseguia fechar os olhos porque se sentia desconfortável dormindo na cama enquanto Erika estava no chão depois de ter tido um pesadelo. Por mais que ela tentasse fechar os olhos e tentar dormir, ela não conseguia, ela tinha medo de que se adormecesse a Lufa-Lufa teria um pesadelo pior e ela não conseguiria ajudá-la a acordar a tempo.
E ela não foi a única.
Apesar de contar knarls, sua ansiedade não permitia que ela adormecesse, ela estava cansada, dolorida, mas toda vez que fechava os olhos sentia como o cansaço desaparecia imediatamente e seu corpo se sentia desconfortável, como se tivesse uma vontade repentina de mover as pernas de uma certa maneira exagerada. Ela deixou de lado sua intenção de dormir e rolou de bruços, determinada a contar os fiapos do carpete até o amanhecer.
...
Era chato contar bobagens.
Ela não sabia quanto tempo havia passado, mas parecia uma eternidade. Ela olhou para a janela e era óbvio que estava muito longe para que pelo menos um raio de sol espiasse pela janela. Ela ouviu Hermione pigarrear cuidadosamente e a dúvida venceu.
— Você está dormindo? — Erika perguntou em um sussurro enquanto se apoiava nos cotovelos.
Hermione virou-se para a margem e colocou a cabeça para fora, Erika achou uma visão adorável.
— Não.
— Você não consegue dormir?
— Quero estar acordada caso você tenha um pesadelo novamente. — Hermione disse a ela com um bocejo.
Erika não respondeu, ela simplesmente se levantou enquanto olhava para Hermione atentamente. Com a mão ela indicou que deveria se mover um pouco para poder deitar e a morena obedeceu imediatamente. Elas estariam próximas, sim, mas para a Grifinória isso era melhor do que Erika dormindo no chão. E para Erika isso foi melhor do que Hermione não dormir por causa dela.
— Você está com frio. — a morena murmurou preocupada quando a mão de Erika acidentalmente tocou a dela. — Por isso não queria que você dormisse no chão...
— Mas não estou mais no chão. — a garota de olhos azuis apontou com um sorriso torto. — Tenho certeza que você não conseguiu dormir sabendo que eu estava lá embaixo.
— Sim, é verdade. — Hermione confessou com um pequeno sorriso.
— Vamos tentar dormir, se eu tiver um pesadelo e explodir de novo você será a primeira a saber. — Erika assegurou enquanto se enrolava de costas para ela.
Num suspiro Hermione se acomodou em silêncio e também virou as costas para ela, a ideia de dividir a cama era para que as duas pudessem dormir tranquilas mas nenhuma delas conseguiu. De repente todo o sono desapareceu de seus corpos e elas ficaram olhando para um ponto fixo na parede na esperança de adormecer a qualquer momento, mas não conseguiram, estavam muito focadas em tentar ignorar o fato de que estavam ali, em uma cama, capaz de sentir o calor do corpo da outra, tentando ignorar a respiração da outra, tentando ignorar a presença da outra.
Mas elas não conseguiram.
Elas estavam muito conscientes do que estava acontecendo.
— Você não consegue dormir? — Hermione perguntou de repente em um sussurro.
— Não. Como você sabe?
— Sinto como suas costas se movem com a respiração, você tenta controlar para tentar adormecer. — Hermione disse a ela, virando-se, deixando a garota de olhos azuis de costas na sua frente. — Parece que você realmente vai ter que dormir no caminho para Hogwarts.
Erika riu baixinho e também se virou com um pouco de dificuldade, ficando cara a cara com Hermione. Naquele momento elas perceberam o quão próximas estavam, tão próximas que conseguiam ouvir a respiração uma da outra e, se prestassem bastante atenção, podiam ouvir tanto o próprio coração quanto o coração da outra acelerando suavemente. Não era um nervosismo ruim o que elas estavam começando a sentir, mais do que tudo, era um nervosismo de começarem a perceber que se sentiam calmas uma com a outra mesmo numa situação como essa.
Elas poderiam começar a se acostumar com isso, até mesmo começar a desejar um pouco.
A mente de Erika estava um turbilhão, claro, algumas horas atrás ela talvez não tivesse sonhado a mesma coisa mas se parou para pensar foi parecido. Em seu sonho elas não estavam dormindo tão perto, mas o relacionamento delas era assim, mesmo que a sensação que isso a deixou fosse algo não real. Ela teve o luxo de analisar o rosto dela agora que estava bem mais próximo do que o normal, aquelas sardas que ela queria começar a contar em algum momento. Talvez devesse começar imediatamente? Não, era impossível, ela tinha certeza que com o quão perto elas estavam ela seria capaz de ouvir seus pensamentos.
Embora ela preferisse que Hermione lesse sua mente em vez de seu pai.
Não, se Hermione lesse a mente dela, ela pararia de falar com ela por revelar seus sentimentos. Sim, era melhor ficar assim, sem Hermione lendo sua mente, assim ficaria ao lado dela por mais tempo e não deixaria tudo desconfortável.
Sempre que podia, os olhos de Hermione encontravam o caminho exato para chegar aos de Erika, quase como se fossem um ímã, e ela não reclamava nem um pouco. Sempre foi agradável encontrar o olhar de Erika Frukke sobre ela, mas agora ela sentia como se não aguentasse, o silêncio entre as duas criava uma atmosfera estranha e pessoal, e ainda mais se ambas estivessem claramente se observando de perto.
Ela não pôde deixar de se perguntar se em algum momento ela passou pela cabeça da Lufa-Lufa, se em algum momento ela apareceu em seus sonhos enquanto ela dormia. Foi demais pedir algo assim? Hermione não pôde deixar de pensar em algo assim enquanto observava cada feição da garota de cabelos curtos, notando uma pequena verruga que ela tinha perto da sobrancelha, tão pequena que ela não havia notado até aquele momento onde estavam centímetros uma da outra.
Hermione nunca teve Erika tão perto, na verdade, talvez tenha sido um erro, não só para Hermione, mas para Frukke.
Houve um breve momento em que os olhares de ambas pousaram nos lábios uma da outra por alguns segundos, criando um tipo de tensão que nenhuma das duas sabia como lidar no momento.
— Acho que... Uhm... Já que não conseguimos dormir poderíamos conversar. — Erika disse depois de limpar a garganta nervosamente enquanto estava deitada de costas olhando para o teto, isso começou a parecer estranho e ela não queria fazer ou dizer algo estúpido.
Hermione piscou rapidamente, Erika também sentiu isso? Como se uma estranha corrente de eletricidade passasse entre elas bem diante de seus olhos...
— Ah, claro... Sim, não vejo por que não. — Hermione respondeu imitando a garota, apoiando-se de costas olhando para o teto. — Sobre o que você quer conversar?
Merlin, Erika estava tremendo como geleia. Ela não sabia se era por causa do frio ou do nervosismo, mas de repente todo o seu corpo ficou tenso, ela se esqueceu de como puxar assunto para conversar e a única coisa em que conseguia pensar eram nos lábios de Hermione... Não, no rosto de Hermione tão perto do seu.
— Estava pensando que não sei muito sobre você. — Erika disse calorosamente. — Você sabe muito sobre mim por vários motivos, sinto que é injusto. Você sabe, talvez falar sobre sua vida no mundo trouxa? Se você quiser, claro, não estou te forçando.
— Você está dizendo que o mundo trouxa é chato e que eu falar com você sobre isso iria te fazer dormir? — Hermione perguntou com um sorriso divertido, fingindo estar ofendida.
Erika abriu os olhos alarmada e rapidamente se sentou na cama a ponto de surpreender Hermione por alguns segundos. Seu cabelo bagunçado fez o sorriso da morena se alargar ao ver a reação retumbante que ela teve.
— Não, claro que não! Não foi isso que eu quis dizer, eu juro. — Erika explicou rapidamente. — Não foi assim. Ugh, desculpe, eu...
Hermione finalmente soltou uma risada suave que interrompeu todo o seu balbucio, foi quando ela percebeu que a Grifinória estava brincando com ela.
— Foi uma brincadeira. — Hermione disse entre risadas. — Mas sim, eu poderia te contar sobre minha vida no mundo trouxa. O que você quer saber?
Essa foi uma pergunta bastante abrangente porque Erika queria saber muito sobre a vida de Hermione em geral. Ela lembrou que Hermione tinha ido para a neve com seus pais antes de chegar em Grimmauld para o Natal, com certeza seria bom para ela conversar sobre seus pais, principalmente quando não os vê com tanta frequência por causa da escola.
— Como são seus pais? Acho que nunca ouvi você falar sobre eles.
— Ah, bem, eles são dentistas. — ela sorriu ao pensar em sua família. — Eles veem os dentes das pessoas, ajudam a cuidar deles e assim por diante.
— Ah, então foi por isso que você comentou que sua mãe ficaria chateada quando Madame Pomfrey consertasse seus dentes no quarto ano. — Erika murmurou inconscientemente.
— Sim, é por isso. — Hermione respondeu um pouco surpresa. — Como você se lembra disso?
— Tenho boa memória. — Erika respondeu orgulhosa, fazendo a morena rir. — Eles gostam que você esteja em Hogwarts?
— Sim, eles gostam bastante do mundo mágico. — Hermione comentou alegremente, sorrindo ao lembrar daquela vez que eles a acompanharam ao Beco Diagonal em seu segundo ano e como ficaram fascinados com tudo que viram. — Qualquer coisa que me faça feliz está bom para eles, por isso não tiveram problemas quando saí mais cedo da viagem. Eles sabem que estudar magia é importante para mim e me deixa feliz, por isso não colocam nenhum impedimento no meu caminho.
Erika assentiu com um pequeno sorriso no rosto, a voz de Hermione ganhava um tom muito especial ao falar de sua família, era uma voz cheia de amor e carinho, deixando claro o quanto ela amava seus pais e o quanto eles a amavam de volta.
Erika perguntaria a ela com mais frequência sobre eles apenas para ouvir aquela voz especial nela novamente.
— Você está entediada o suficiente para querer dormir? — Hermione perguntou zombeteiramente.
— Na verdade, isso me despertou mais porque agora tenho milhares de perguntas. — Erika deu um grande sorriso. — Mas se você estiver com sono pode dormir, não se preocupe comigo.
Hermione virou-se novamente para o lado e focou o olhar no perfil da garota ao seu lado. A luz noturna que entrava pela janela refletia em sua pele esbranquiçada, ela tinha certeza que se chegasse mais perto para olhar notaria como o azul dos olhos dela brilhava mais que o normal.
Hermione não conseguia entender como alguém como Erika estava passando por algo tão terrível quanto o que seu pai a fez passar.
Não pensou nisso apenas pela beleza da garota, mas pela personalidade dela. Erika era uma boa menina, não machucava uma mosca e raramente a via brava. Ela tinha certeza de que em mais de um momento as pessoas se aproveitaram de sua gentileza ou até mesmo a subestimaram por causa de sua personalidade introvertida.
Mesmo assim, ela sentia que havia muito para saber sobre ela e isso, por algum motivo, a atraía muito mais.
— Por que você não deixa os outros se preocuparem com você? — Hermione perguntou em um sussurro fraco e então apertou os lábios com um toque de ansiedade.
Os olhos de Erika pousaram sobre ela lentamente, notando seu rosto preocupado ela se virou novamente. Ela não gostava de preocupar ninguém, muito menos Hermione, que por mais problemas que tivesse, ainda focava em dar-lhe um pouco de seu tempo e atenção para qualquer coisa que precisasse.
Com a mão livre Erika ajeitou uma mecha do cabelo da morena, passando-a suavemente atrás da orelha dela enquanto a olhava com um pouco de culpa, a mão de Hermione instintivamente se colocou sobre a dela enquanto gentilmente fechava os olhos. A mão de Erika ficou ali, imóvel, descansando frágil na bochecha fria de Hermione enquanto sua mão a impedia de sair, tentando aproveitar o pequeno momento.
— Não quero causar mais problemas do que os que já existem. — Erika disse a ela, começando a mover o polegar lentamente sobre a bochecha oposta em um carinho despreocupado para transmitir calma. — Principalmente para você.
Hermione apertou ainda mais as costas da mão de Erika suavemente, começando a passar o polegar suavemente pelos nós dos dedos, memorizando a sensação nas pontas dos dedos. As mãos da Lufa-Lufa eram macias e ela queria memorizar cada parte delas com seu toque.
— Uma preocupação a mais ou uma preocupação a menos não me afeta. — Hermione declarou pacificamente. — Não me preocupar com você em momentos como esse seria como se eu não me importasse com você.
— Você já está preocupada com tudo sobre Harry e...
— Tenho espaço para você, Erika. — Hermione a interrompeu ao mesmo tempo em que interrompeu o padrão do polegar nos nós dos dedos dela. — Sempre tenho espaço e tempo para você.
— Por que? — Erika perguntou num sussurro abafado ao mesmo tempo em que seus olhos procuravam os de Hermione.
E Hermione ficou em branco, ela não esperava que Erika questionasse isso. Como responderia a ela de uma forma que não revelasse seus sentimentos por ela? Seus sentimentos que cresciam cada vez mais sem perceber, às vezes, sem ela querer.
— Porque você tem feito muito por mim mesma sem perceber. — Hermione respondeu, dessa vez pegando a mão dela inteira. — Você faz tanto por tantas pessoas de uma forma tão natural que não consegue perceber. É hora de você permitir que outros façam coisas por você de vez em quando, porque você merece.
Inconscientemente, Erika apertou os lábios com força, as palavras de Hermione a atingiram com mais força do que ela pensava. Ela sentiu uma vontade terrível de chorar, por algum motivo não conseguia se permitir deixar que outras pessoas fizessem coisas por ela, sentia que não merecia, que não era o suficiente para receber tanto amor ou compreensão de outros.
Certamente uma das poucas coisas pelas quais teve que agradecer (não realmente) a Nathaniel.
Seu olhar havia abandonado os olhos de Hermione quando ela sentiu vontade de chorar, ela não podia se permitir chorar na frente da garota que gostava. Ela pareceria boba e Hermione certamente riria dela.
Erika realmente não faria isso, mas ficaria envergonhada de qualquer maneira.
Quando ergueu os olhos para agradecer as palavras, parou e olhou para aquele rosto compreensivo que lhe sorria com carinho e tranquilidade. O que ela fez para merecer conhecer esse lado de Hermione Granger? Seu peito aqueceu e de repente ela sentiu vontade de contar a Hermione tudo o que sentia.
Não, foi mais do que isso.
Erika sentiu vontade de se aproximar mais do que já estavam. Pegar novamente aquela atmosfera estranha que foi gerada minutos atrás e quebrar.
Posso beijar você? Erika perguntou em sua mente, porque era covarde demais para realmente perguntar.
— Eri, você está acordado? — uma voz conhecida soou de repente, fazendo com que ambas saíssem do clima tenso que havia sido criado.
— ERNIE?! — as duas exclamaram ao mesmo tempo.
Erika pulou e, estando tão perto da beirada, imediatamente caiu com força no chão, assustando Hermione ainda mais.
— Pelo amor de Merlin, Eri!
Sentando-se no chão, Erika levantou a manga da camisa para olhar a pulseira que Susan havia lhe dado. Tinha uma leve luz azul que desapareceu depois de alguns segundos. Hermione olhou preocupada para a garota de olhos azuis que se levantou para procurar sua varinha na mesa de cabeceira. Ela aproveitou para olhar o relógio que estava ali e percebeu que havia passado uma hora conversando com Hermione e tentando adormecer.
— E-rika Fru-uu-kk-e. — a voz do menino cantou.
— Como você é chato, Ernest! — Erika afirmou após acertar a pulseira com sua varinha.
— O que é isso? — perguntou Hermione ao ver como a garota de olhos azuis bateu em sua pulseira com a varinha.
— Ah, é um presente da Susan. — Erika sorriu em resposta enquanto girava o pulso para que a morena tivesse uma visão melhor do objeto mágico.
— Ah, não me repreenda. — o loiro choramingou. — Justin me mantém acordado desde as cinco porque acha que se eu dormir mais um minuto chegaremos atrasados.
Erika suspirou cansada e revirou os olhos, claro que Ernie só estava falando com ela porque estava entediado e irritado com Justin.
— Vou para meu quarto acordar Ginny e preparar minhas coisas. — Hermione anunciou, levantando-se da cama enquanto se agasalhava.
— Ah, claro. — Erika respondeu com um sorriso enquanto a seguia com o olhar. — Obrigada pela ajuda e... Pela companhia.
Hermione corou levemente e acenou com a cabeça, saindo da sala depois de dar um breve sorriso para a Lufa-Lufa. Assim que a porta se fechou, Erika mudou seu rosto para um rosto amargo.
— Você está falando comigo só porque está entediado? Você deveria incomodar Hannah ou Susan. — Erika afirmou enquanto se jogava na cama, sentindo o perfume de Hermione nos travesseiros.
— Elas tiram as pulseiras para dormir.
— Com um bom motivo.
— Eri? Sou eu, Justin. — desta vez o moreno falou, quando ele falou saiu uma cor laranja da pulseira.
— Olá, Tin. — Erika cumprimentou com alegria e surpresa.
— Me desculpe se Ernie te acordou, eu ia falar com você mais tarde.
— Está tudo bem, eu não estava dormindo. — ela assegurou. — Sobre o que você queria falar comigo.
— Ah, já tenho o que você pediu. — Justin disse a ela. — Não sei porque você me pediu um manual de fitas cassete, mas eu consegui, também tenho o Walkman e algumas fitas cassetes que tinha na casa da minha mãe para você ouvir.
— Brilhante! Muito obrigada, Tin.
Erika sentiu que eram 6 horas da manhã. Molly levantou-se silenciosamente e desceu, provavelmente para começar a preparar o café da manhã.
— Você vai voltar para Hogwarts, certo? — Ernie perguntou desta vez, um tanto preocupado.
— Claro, mal posso esperar para voltar e parar de pensar nisso tudo. — Erika murmurou enquanto começava a trocar o pijama por roupas confortáveis.
— Que bom, não sei o que faríamos sem você, Eri. — o loiro parecia um pouco triste. — Fico feliz em te ouvir bem.
Erika sorriu ao olhar para a pulseira, seu amigo era bastante carinhoso e não tinha medo de demonstrar seu carinho pelos outros.
— Obrigada, Ernie. — Erika olhou para o relógio e suspirou. — Estou saindo, vou tomar café da manhã. Vejo vocês lá.
Erika rapidamente arrumou o cabelo e desceu para comer alguma coisa e ajudar Molly. Quando saiu do quarto não pôde deixar de olhar para a porta de Hermione e Ginny com a pequena esperança de que a morena saísse ao mesmo tempo e elas iriam descer para comerem juntas.
Era estranho se ela pensasse nisso, quando elas estavam deitadas ela não sentia aquele impulso que a fazia agir de forma desajeitada ou dizer coisas que não estavam no lugar certo. Parecia que elas estavam em seu próprio mundo, um mundo onde ambas poderiam se sentir como elas mesmas e onde nenhuma questionaria o que a outra fazia ou dizia.
Era como se o fato de ter aquela proximidade entre as duas fosse algo totalmente natural, nenhuma questionou no momento. Claro, elas tinham dúvidas sobre os sentimentos uma da outra, mas em nenhum momento questionaram por que parecia tão... Comum cada vez que estavam sozinhas.
Assim que chegou na cozinha foi recebida por Molly que antes de dizer qualquer coisa lhe enviou sua tigela de mingau de aveia, com espanto Erika agradeceu sentando-se perto da mulher para que pudessem conversar. Ninguém mais desceria para comer ainda, então ela não podia se recusar a falar com ela.
—Acho que não agradeci o suficiente pelo presente, Molly. — Erika falou, mexendo a aveia. — Fico surpresa com a paciência que você tem para fazer todos aqueles suéteres personalizados.
— Não é nada, querida. Quando as coisas são feitas com amor, o tempo não é uma barreira. — Molly sorriu para ela e depois se virou para olhar o bule. — Aliás, você pode dormir mais um pouco. Vocês só partirão para Hogwarts muito mais tarde.
A garota de olhos azuis franziu a testa e olhou para a mulher enquanto inclinava a cabeça ao mesmo tempo em que Tonks e Sirius entravam na cozinha, acenando alegremente.
— E assim? Não me diga que há problemas...
— Não, não. Tudo está... Relativamente bem. — Molly disse a ela. — Teremos visitas importantes, só isso.
Erika apenas assentiu e segundos depois sentiu seu cabelo ser bagunçado por Tonks que estava sentada na sua frente.
— Tudo certo? — Tonks perguntou a ela.
— Sim, por quê?
Tonks inclinou a cabeça com um pequeno sorriso enquanto preparava um café.
— Ontem à noite senti uma pancada, mas quando me levantei você já estava em boas mãos. — Tonks sussurrou para ela enquanto movia as sobrancelhas de forma sedutora.
Erika imediatamente virou o rosto para se certificar de que ninguém mais estava ouvindo o que elas estavam dizendo, Sirius estava lendo o jornal com uma cara irritada enquanto Lupin chegava conversando com Penny e Danielle.
— Não conte a elas. — Erika sussurrou entre os dentes, esticando-se sobre a mesa.
— Acho que deveria contar a elas o que aconteceu não mencionando a companhia, claro.
— Não. — Erika sibilou. — Você não deveria contar nada a elas, não foi nada sério, eu juro.
Tonks olhou para ela com os olhos semicerrados e balançou a cabeça com um suspiro, às vezes ela ficava impressionada com o quão teimosas as Frukkes podiam ser.
O resto começou a descer para o café da manhã, quando Hermione cruzou os olhos com Erika quando ela entrou na cozinha, elas se cumprimentaram com um pequeno sorriso que passou despercebido pela maioria daqueles que estavam conversando sobre como chegar em Hogwarts sem o trem e assim tarde.
— Sabemos quem vem primeiro, mas depois? — Tonks perguntou.
— Dumbledore mandou, ele não nos contou mais nada. — Lupin respondeu enquanto consultava seu relógio. — Agora subam, o primeiro convidado chegará a qualquer momento e duvido que eles gostem de estar nessa conversa.
Relutantemente todos se levantaram para subir as escadas, Fred parou Erika no primeiro degrau enquanto tirava um monte de doces do bolso para mostrar a ela.
— Se você experimentar um e nos der sua opinião honesta, nós lhe daremos qualquer coisa de nossa loja gratuitamente.
— E se você acha que é bom, diga a Hermione para parar de nos desprezar por experimentá-los nos primeiros anos. — George disse a ela, aparecendo atrás dela.
— Bom, é um pouco ruim que usem os primeiranistas como cobaias...
Os gêmeos reclamaram exageradamente, Fred agarrou o rosto dela e começou a examiná-la, apertando suavemente as bochechas de uma confusa Erika enquanto George a cheirava estranhamente.
— Não me diga que Hermione está batendo em você com a lei e a ordem... — George murmurou, indo embora.
— Eu a vejo como bastante normal. — adicionou o outro irmão. — Mas se você experimentar um ficará melhor.
Os dois ainda estavam tentando convencer Erika quando a campainha tocou, eles ignoraram Lupin passando por eles enquanto ia abrir a porta e as vozes que podiam ser ouvidas de dentro da cozinha, vozes que pararam assim que a porta da frente se abriu e eles notaram que o convidado já havia chegado.
Percebendo que duas pessoas caminhavam pelo corredor, os três resolveram olhar quem era, conseguiram ver um homem alto, com cabelos ruivos intensos como os de Alex, com expressão séria e postura perfeita como Lea. Ele usava uma barba curta e bem cuidada e andava com o peito cheio de confiança.
Fred e George não tinham ideia de quem ele era, mas Erika sim.
Lá, no Largo Grimmauld 12, seu tio Andrew Scamander apareceu.
Aquele homem era como uma boa versão de seu pai, era tão modesto quanto Nathaniel, sério em seu trabalho e um dos melhores aurores do Ministério da Magia americano. Mas aquele homem nunca havia falado com ela, ao passar pelas escadas percebeu a presença de Erika, limitou-se a olhar para ela por cima do ombro como se ela fosse algo insignificante mesmo sabendo que ela era sua sobrinha na frente dele.
— Você chegou um pouco mais cedo. — eles ouviram Lupin dizer.
— Prefiro chegar cedo, odeio esperar. — Andrew respondeu enquanto a porta da cozinha se fechava.
Erika olhou para a porta por alguns segundos e depois suspirou enquanto os gêmeos balançavam a cabeça indignados.
— Nossa, você viu como ele olhou para você? — Fred apontou irritado.
— Sim, o que você acha? — George complementou cruzando os braços.
— Ele é meu tio. — relatou Erika, desviando o olhar da porta. — Pai de Alex e Lea, o nome dele é Andrew.
— Como os americanos são rudes. — George murmurou, balançando a cabeça.
— Sou meio americano. — a garota de olhos azuis revelou, erguendo uma das sobrancelhas.
George fechou a boca e Fred lançou um feitiço nele para que ele não falasse novamente por um tempo. Vendo que Erika apenas ria em vez de ficar chateada, Fred desfez o feitiço ao mesmo tempo em que mandaram a Lufa-Lufa ir com eles.
Erika não pôde deixar de pensar em Andrew estando ali, ela não sabia que ele ajudava no pedido e não era como se ela tivesse gostado muito da ideia. Com certeza ele já sabia do sangramento dela há alguns dias e por isso a olhou daquele jeito, talvez também pensasse que o pai dela estava tentando levá-la para o lado dos Comensais da Morte. Erika sabia que o americano não gostava dela, mas não achava que tornaria isso tão perceptível quando se encontrassem novamente.
Já no quarto dos gêmeos, Fred pegou um de seus cadernos e começou a mostrar uma ideia que eles haviam planejado, eles tinham em mente uma espécie de linha especial de produtos para meninas e nessa linha de produtos havia um esboço que estava escrito em letras grandes "ASK ERI" com marcador vermelho. Embaixo havia desenhos de puffs em miniatura com rabiscos espalhados pela página e muitos pontos de interrogação que confundiram um pouco a Lufa-Lufa.
— Descobrimos que os puffs pequenos são bastante interessantes e práticos. — George comentou, espiando pela lateral. — No nosso segundo ano encolhemos um por acidente e foi divertido, mas não sabemos muito sobre puffskeins e achamos que você poderia nos ajudar.
— Em que vocês precisam de ajuda?
— Bem, vamos praticamente criar puffskeins em miniatura... Sem saber nada sobre puffskeins. — Fred disse a ela enquanto fechava o caderno. — Achamos que seria bom primeiro pedir conselhos sobre como criar puffskeins para que fiquem bonitos e fofinhos por muito tempo.
— É legal vender Puffskeins em miniatura...?
– Descobriremos com o tempo. — George ergueu os ombros com indiferença. — Mas você pode nos ajudar, certo?
— Não sei...
– Podemos pagar você. — George propôs imediatamente. — Se você perceber que com seu conselho os puffskeins em miniatura não parecem normais, você pode ir embora, eu prometo.
O coração fraco de Erika cedeu, perguntavam com tanta insistência que ela não conseguia dizer não. Assim que ela assentiu, os gêmeos ergueram os braços em sinal de vitória e abraçaram a garota de olhos azuis em agradecimento. A única coisa que eles precisavam era de um guia de puffskeins e pronto, não era tão difícil para ela se organizasse bem.
Devido à porta aberta do quarto puderam ver Harry descendo as escadas com Molly, o de óculos não parecia muito feliz e murmurava algumas coisas para a mãe dos Weasley que parecia estar tentando acalmá-lo. Quando os dois desapareceram da vista dos três, foram substituídos por Danielle e Tonks que subiam com olhares sérios, embora se olhasse de perto daria para perceber que ambas estavam chateadas.
— Parece que esse Andrew não trouxe boas notícias. — George sussurrou enquanto fazia uma careta.
— Não, parece que não... — Erika murmurou com a testa franzida, tentando entender o que estava acontecendo.
Quando finalmente chegou a hora de ir para Hogwarts, todos desceram com suas malas. Como já era muito tarde e não tinham conseguido sair de trem, pegariam o ônibus noturno para chegar lá com rapidez e segurança. Enquanto todos descarregavam suas coisas, Hermione e Molly se envolveram em uma pequena conversa sobre tricô que foi interrompida quando Rony exigiu que sua mãe soltasse a amiga porque eles tinham que ir embora.
Erika notou que Andrew não estava mais lá e nenhum dos adultos estava falando sobre sua visita ou sobre quem mais havia chegado ao Largo Grimmauld. Ela preferiu não perguntar, embora seus pensamentos estivessem consumidos por querer saber sobre seu tio e se ele tinha algo a ver com o mau humor que Danielle e Tonks carregavam algumas horas atrás.
Quando todos começaram a sair do local, perceberam que, de fato, Danielle e Tonks estavam esperando por eles, dando a entender que os acompanhariam no caminho. Estava frio lá fora, havia nevado levemente na noite anterior, então o chão também estava um pouco escorregadio.
— Rápido, quanto mais rápido subirmos, menos frio sentiremos. — Danielle disse a eles enquanto Grimmauld Place retornava à sua forma oculta.
Em menos de três segundos ouviu-se um estrondo alto ao mesmo tempo em que apareceu um ônibus roxo profundo de três andares. Erika nunca havia pisado naquele veículo e por muito tempo pensou que fosse algum tipo de mito. Era estranho, um pouco disforme e por dentro não parecia muito arrumado ou limpo, mas desde que servisse ao seu propósito estava tudo bem.
Eles começaram a subir um por um, todos, exceto Harry, olharam em volta surpresos. Havia cadeiras no chão e outras empilhadas ordenadamente num canto. Alguns bruxos e bruxas desconhecidos se levantaram reclamando da parada que o ônibus fez ao parar em frente ao Largo Grimmauld.
— Sempre quis viajar aqui. — Ron comentou em um sussurro enquanto sorria.
— Harry, Ginny e Fred comigo. — anunciou Danielle apontando para a escada de acesso ao andar superior. — Iremos nos separar para que todos viajem em paz. Erika, George, Hermione e Ron com Tonks.
— Não posso me trocar com a Ginny? — perguntou Ron, querendo viajar com Harry.
Danielle e Tonks trocaram olhares e negaram. Relutantemente, o ruivo observou seus irmãos e Harry subirem ao último andar enquanto eles permaneciam no primeiro.
O grupo de Tonks foi se acomodar no fundo onde estavam as cadeiras disponíveis, Erika decidiu ficar de pé quando viu que tinha gente no chão, ela presumiu que não era uma boa ideia sentar.
— Como funciona? Como ônibus trouxas? — Hermione perguntou olhando para Tonks.
—Se os ônibus trouxas viajam em alta velocidade enquanto desviam dos carros e pulam, então sim.
— Parece mesmo um ônibus trouxa... — Hermione murmurou com um pequeno sorriso.
De repente, algo alto soou antes que o ônibus acelerasse forte, fazendo com que Ron fosse jogado para fora de seu assento, assim como George. De um momento para outro percebeu-se que viajavam em alta velocidade no que parecia ser uma rodovia. Os dois irmãos Weasley levantaram-se com dificuldade enquanto Hermione caminhava com os olhos tapados, um tanto assustada. Os ônibus trouxas não eram nada assim.
Elas mudaram de direção novamente e desta vez Erika e Tonks perderam o equilíbrio, a de cabelo rosa caiu para o lado, colidindo com uma das janelas enquanto Erika colidiu com um corrimão, batendo com força na testa, caindo no chão sentada. Ela ouviu outro estrondo e viu Ron e George caírem novamente ao lado de Hermione. Com dificuldade ela se levantou para ir ajudar a morena, mas Ron foi mais rápido e a ajudou a se levantar.
— Segure firme, senão você pode segurar em mim ou ao George. — Ron disse a ela.
— Claro. — Hermione assentiu, seu rosto parecendo um pouco pálido e então se virou para ver Erika e Tonks. — Vocês estão bem?
Tonks acenou com a cabeça enquanto Erika fazia sinal de positivo com a testa vermelha por causa do golpe.
O veículo parou abruptamente e Erika saiu voando novamente, caindo de cara no chão enquanto sua bolsa batia na nuca dela e Tonks começou a rir e a ajudou a se levantar. A Lufa-Lufa aceitou a ajuda totalmente constrangida, ela foi a única que caiu quando o ônibus parou.
Danielle desceu com seu grupo e junto com Tonks ajudou a tirar as bagagens de todos, assim que chegou a vez de Erika a mais velha a segurou por um tempo.
— Eu e Tonks devemos ir para os Estados Unidos. — Danielle a informou secretamente. — Não estarei aqui por um ou dois meses com certeza, se você tiver alguma coisa, tente entrar em contato com Penny ou, com muita urgência, Lupin.
— EUA? — Erika perguntou franzindo a testa. — Não me diga que isso tem a ver com o...
Danielle fez um sinal para ela permanecer em silêncio, indicando que ela não poderia mais falar com ela. A menina de olhos azuis assentiu relutantemente e recebeu sua bagagem.
— Tome cuidado, Eri. — Tonks acenou um tchau.
— Sim, não se distraia com a menina bonita. — Danielle irritada, piscando para ela.
Erika imediatamente corou e tentou bater na irmã com a bolsa, Danielle rapidamente se esquivou do golpe ao voltar para o ônibus morrendo de rir.
— Eu vou matar você, Danielle! — Erika reclamou antes do ônibus sair em alta velocidade e desaparecer no horizonte.
Com a testa franzida ela caminhou em direção ao castelo, ao longe viu o trio dourado conversando entre si e sem perceber seus olhos pousaram em Hermione. Bem, era uma espécie de hábito, se ela pensasse sobre isso.
— Não se distraia com a garota bonita.
Seu rosto imediatamente ganhou uma cor carmesim, quão tola sua irmã era.
Antes de chegarem à entrada principal Erika conseguiu alcançá-los e eles entraram junto com os demais alunos que voltavam das férias de final de ano. Foi um caos, muitos se cumprimentando, gritando, rindo enquanto os calouros corriam pelo local ou outros passavam pelo povo sem nem pedir licença. Frukke odiava voltar das férias pelo mesmo motivo.
Entre tantas pessoas era impossível não encontrar rostos conhecidos, mas ela não imaginava que encontraria Cho Chang depois de tanto tempo. Hermione e Ron trocaram um olhar complicado ao verem a Corvinal se aproximando deles sem perceber que Erika também estava com eles. A garota se aproximou com a intenção de conversar com Harry, mas o sorriso que ela exibia desapareceu assim que percebeu a presença da Lufa-Lufa.
Hermione tinha a intenção de pegar a mão de Erika para tirá-la dali mas não foi necessário, a garota de cabelos curtos simplesmente ignorou a presença de Cho e continuou seu caminho em silêncio, mas parecia que a Corvinal tinha intenções de falar com ela.
— Erika, acho que nunca conseguimos conversar sobre... O que você viu. — Cho a parou, olhando nos olhos dela com culpa. — Eu sei que você deve pensar que eu não amava Cedric, mas tudo é tão complicado...
— Eu não ligo. — Erika respondeu monotonamente sem olhar para ela. — Faça o que quiser, sério, mas pare de me olhar com essa cara triste. — ela disse a última coisa olhando nos olhos dela.
E com isso, ela se soltou de Cho e continuou seu caminho para sua sala comunal, mas não antes de se despedir dos três grifinórios que a acompanhavam. Sua raiva por Cho desapareceu no dia seguinte e naquele momento ela não se importou em falar sobre o beijo com Harry. Era algo tão insignificante que não valia a pena encher a cabeça com isso quando ela tinha coisas mais importantes para focar naquele momento.
Quando chegou à sala comunal viu seus amigos conversando em frente à lareira, Justin parecia feliz e relaxado o que significava que ele teve um bom Natal com os Macmillan.
Susan percebeu a presença de Erika e a chamou com um aceno de mão enquanto sorria muito, ela se aproximou deixando sua bolsa ao lado de uma das poltronas e sentou-se ao lado de Hannah que estava contando sua história de Natal.
— Minha mãe fez alguns bonecos de neve construírem um iglu do lado de fora da nossa casa! — Hannah exclamou emocionada e depois olhou para Erika e sorriu para ela. — Como foi seu Natal, Eri?
Erika parou para pensar, tinha sido um bom Natal comparado aos anos anteriores se tirasse o fato de que o pai dela entrou na cabeça dela depois do Natal. E também tirando o quão perto ela esteve de contar seus sentimentos a Hermione e como ela quase a beijou por impulso.
— Bom, sem problemas. — Erika mentiu, mas uma mentirinha inocente não faria mal a ninguém.
Enquanto procurava seus presentes na bolsa, Justin subiu rapidamente para seu quarto e desceu com uma pequena sacola que entregou a Erika que a recebeu com curiosidade.
— Foi isso que você me pediu, as fitas... O walkman... E os fones de ouvido... — Justin murmurou enquanto mexia as coisas dentro da bolsa. — Para que você queria isso?
— Cultura. — Erika respondeu encolhendo os ombros e depois pegou a sacola. — Obrigada, são seus? Para te devolver tudo quando acabar.
— Não, eram da minha mãe, mas você pode ficar com eles. — ele respondeu sentando-se no sofá com relutância.
Erika apenas assentiu enquanto colocava a pequena bolsa em cima de suas malas.
— E como as coisas são registradas?
— Quer gravar alguma coisa? — Justin perguntou levantando uma sobrancelha curiosa. — Quer dizer, você pode gravar sua voz ou uma música se é isso que você quer dizer...
— Eu estava me referindo a como os músicos guardavam suas músicas lá, mas se eu mesmo puder gravar as coisas, é melhor. — Erika respondeu animada. — Você pode me ensinar?
— Claro... Mas agora não, estou cansado.
Erika revirou os olhos divertida e assentiu, com certeza ela iria focar na sua ideia durante o verão. Por enquanto ela iria se concentrar nos NOMs e, claramente, em sair viva se seu pai continuasse a fazê-la sangrar toda vez que ela fechasse os olhos.
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No dia seguinte Erika foi de aula em aula, pois era janeiro os professores estavam totalmente focados nos NOMs do quinto ano. Tanta informação e tantos treinos em um único dia a deixaram doente. Foi na aula de poções que ela baixou a cabeça na mesa exausta de tanto pensar e estudar. Eles haviam aproveitado o almoço para revisar poções caso Snape fizesse algo parecido com eles, mas o homem, quase como se os tivesse visto estudando com dor, decidiu não fazer nenhum exercício e apenas continuar sua aula normalmente.
— Tenho certeza que ele viu nosso ano inteiro estudando feito loucos na biblioteca e está rindo pelas nossas costas. — Ernie sussurrou enquanto observava Snape repreender Simas por explodir outro caldeirão.
— Você consegue imaginar Snape rindo? É mais difícil do que pensar que Umbridge é uma boa pessoa. — Hannah respondeu balançando a cabeça enquanto escrevia em seu caderno.
— Frukke, levante a cabeça vazia da mesa e mãos à obra. — Snape falou, aproximando-se da mesa do quinteto de texugos.
Erika imediatamente levantou a cabeça e olhou assustada para Severus, que manteve uma expressão neutra.
—É que... A fumaça me deixou enjoada. — Erika mentiu descaradamente.
— Claro, a fumaça da poção não está fazendo. — o homem articulou, fazendo os outros alunos rirem. — Te espero depois da aula.
E com isso ela saiu em silêncio, olhou em volta e esperou ver a cara zombeteira de Draco ou Pansy mas nenhum deles se virou para vê-la. Na verdade, eles pareciam estar em seu próprio mundo, com Pansy murmurando coisas para Draco como se estivesse chateada.
Quando a aula terminou, todos saíram da sala, exceto Erika, que parecia um cachorrinho abandonado enquanto observava seus amigos saírem da sala após desejar sorte para o que estava por vir.
— Sente-se. — ordenou apontando para um banco no meio da sala assim que todos saíram.-
A garota de olhos azuis sentou-se obedientemente com as costas retas. Snape iria torturá-la? Cortar a cabeça dela por alguns segundos para que parasse de adormecer na aula? Ela ficou brevemente assustada quando viu o homem pegar um monte de ferramentas e colocá-las sobre uma mesa, sua teoria de cortar a cabeça estava se fortalecendo.
— Não sei até onde você avançou com a sua irmã, Frukke, mas espero que tanto o seu desempenho quanto o da irmã não me decepcionem... Como sempre. — ele murmurou enquanto voltava seu olhar para a menor.
Erika relaxou visivelmente os ombros e inclinou a cabeça confusa. Ela não sabia a que o homem estava se referindo e estava com um pouco de medo de perguntar a ele. Snape notou o rosto da garota e suspirou pesadamente.
— Não me diga que não conseguiram dizer a você que a partir de agora vou ter aulas de oclumência...
— Como?— a Lufa-Lufa fez uma cara que rapidamente mudou para indignação. — Ninguém me contou nada.
— Bem, acho que sua irmã não é tão responsável quanto dizem. — Snape revirou os olhos entediado e pegou sua varinha. — Concentre-se. Legeremens!
Snape inesperadamente entrou na mente de Erika, pegando-a desprevenida. Claro, ela não tinha praticado muito com Danielle que, para ser sincera, era um pouco mais branda com ela. Não o Professor Snape, ele foi direto e entrou na cabeça dela tão facilmente como se estivesse entrando em sua própria casa. O professor se aproximou da lembrança mais fácil de pegar e Erika não teve tempo nem de pensar em pará-lo.
Foi no primeiro ano, depois do banquete de boas-vindas. Erika saiu da fila em direção à sala comunal depois de ser selecionada para a Lufa-Lufa.
De uma forma ou de outra ela chegou ao pátio do relógio com os olhos turvos de tantas lágrimas que escorriam de seus olhos, o peito doía e a respiração estava irregular. O pai dela iria matá-la, ele iria repreendê-la, quem sabe que castigo ele lhe daria. Ela testemunhou seu rosto quando foi informada que Danielle havia sido deixada na Lufa-Lufa, sua lembrança mais marcante de sua infância era o rosto enfurecido de Nathaniel amassando uma carta em fúria enquanto caminhava em sua direção para agarrá-la pelos ombros e gritar que esperava ela fosse melhor do que Danielle quando entrasse em Hogwarts.
Ela sentou-se na beira da fonte olhando para os sapatos, as lágrimas caindo no chão enquanto seus lábios tremiam. O que iria fazer? Ela queria ser a melhor para seu pai e agora que o havia arruinado, era sua única chance para seu pai começar a vê-la como uma filha em vez de uma espécie de soldado para o futuro.
Ela estava tão imersa em pensamentos que não sentiu alguém se aproximando dela com passos lentos e cuidadosos.
— Olá, Eri. — uma voz serena lhe disse em um murmúrio.
A voz parecia um pouco familiar tão lentamente, enquanto enxugava os olhos com as mangas do manto, ele levantou a cabeça. Ela encontrou um jovem de cabelos castanhos, alto e magro, que sorria levemente e torto. Ela olhou para ele por um momento tentando lembrar de onde parecia familiar até que se lembrou.
— Cedric... — Erika murmurou, fungando.
Claro, Cedric Diggory, um lufa-lufa que estava no terceiro ano. Danielle o apresentou a ela em algum momento durante as férias de verão, dizendo-lhe para ir até ele com qualquer coisa que precisasse para que ele pudesse ajudá-la. O menino começou a conversar com ela e rapidamente conquistou sua confiança. Ela gostava de Cedric, mas não pôde deixar de ficar com vergonha de ele tê-la visto chorando.
— Você lembrou do meu nome, ótimo. — o sorriso do menino se alargou, aquele sorriso era genuíno. — Notei que você não estava da turma do primeiro ano, o monitor ficou um pouco chateado e eu disse a ele que você tinha ido ao banheiro. Acho que ele acreditou. — ele disse divertido enquanto coçava a nuca.
Erika sorriu um pouco, quase invisível.
Cedric hesitou um pouco antes de falar, ele estava ciente da situação da família Frukke graças ao seu pai que conhecia a mãe das duas irmãs. Ele sabia o que aconteceu quando Danielle foi deixada na Lufa-Lufa e presumiu que essa era a razão pela qual Erika estava tão assustada no jardim.
— Você quer ir para a sala comunal? Eu entendo porque você se sente assim, vamos contar ao monitor e à professora Sprout que você acabou de se assustar com o Nick quase decapitado e por isso você fugiu. Parece bom para você? Dessa forma, eles não farão mais perguntas do que deveriam.
A garota de olhos azuis olhou para ele por alguns segundos confusa, ela não entendia porque ele a estava ajudando. Claro, Danielle os apresentou para ir até ele, mas isso não significava que Cedric realmente tivesse que ajudá-la. Ele poderia simplesmente ignorá-la e cuidar de seus negócios.
Mas ele não fez isso.
O menino estendeu a mão e Erika a pegou, sem saber que daquele dia em diante os dois formariam um vínculo quase de irmandade.
Erika sentiu uma sensação de queimação nas palmas das mãos, ela sentiu Snape se mover em direção a outra memória, especificamente daquela noite na ala hospitalar com Hermione. Ela não podia deixá-lo ver isso, especialmente Snape, não depois de quão mal ele tratou Granger nos últimos anos.
De uma forma ou de outra ela conseguiu tirar Snape da cabeça com dificuldade. Ao recuperar a consciência, percebeu que estava no chão, com as palmas das mãos apoiando o corpo, sugerindo que havia caído de lado durante a primeira intervenção do homem.
Respirando pesadamente, ela olhou para cima e encontrou o olhar frio de Snape.
— Posso ver como Nathaniel consegue entrar na mente dela. — Snape articulou um pouco irritado.
— Essas coisas... Você não deveria ver... — Erika murmurou o melhor que pôde, sua garganta seca a impediu de falar em tom áspero.
— Você acha que seu pai se importa se você quer que ele veja alguma coisa ou não? — ele rosnou. — Você conseguiu me tirar de lá mas só na segunda memória.
Erika franziu a testa enquanto se levantava para sentar na cadeira.
— Isso me pegou desprevenida...
— E parece que você está sempre despreparada se o seu pai entra na sua mente como se fosse o maldito banheiro da mansão dele. — o homem exclamou entre dentes. — Não é conveniente ter memórias sentimentais tão acessíveis, Frukke.
Por um momento Erika não sabia se ela estava se referindo à memória de Cedric ou à de Hermione.
— Antes de dormir, esvazie sua mente, relaxe e não adormeça até que sua mente esteja em branco. — ele ordenou, virando-lhe as costas. — Você tem que começar a me ouvir a partir de agora se quiser começar a ter seus bons sonhos, Frukke.
A garota de olhos azuis apenas acenou com a cabeça baixa, Snape a mandou para a sala comunal com a leve ameaça de que se ela não começasse a fazer o que ele disse, ele saberia e haveria consequências. Erika entendeu rapidamente e saiu da sala rapidamente. Ela estava exausta e sua cabeça começou a latejar. Assim que chegasse à sala comunal, ela diria a Susan para preparar um chá de ervas para beber antes de dormir e praticar o que Snape pediu
Mas parecia que sua dor de cabeça iria aumentar quando ouviu a voz de Alex chamando-a assim que pisou no corredor que dava para a sala comunal.
— Eriri, finalmente encontrei você! — Alex exclamou caminhando em direção a ela com um sorriso. — Eu estava te procurando quando voltamos das férias, por um momento fiquei preocupado.
— Por que você se preocuparia? — Erika disse quase em um rosnado.
O ruivo apenas encolheu os ombros, tirando o peso do assunto.
— Como você tem estado? Tentei perguntar a Justin sobre você quando o vi com Hermione na biblioteca, mas ele me lançou um olhar que me deu arrepios. — ele disse ao mesmo tempo que seu corpo torceu levemente imitando um arrepio.
— Estou bem, não sangrei mais nesse nível. — Erika suspirou passando a mão na testa. — Eu vi seu pai, não sabia que ele estava a negócios em... Londres.
Alex engoliu em seco por um momento, abrindo a boca com a intenção de perguntar algo, mas parando, quase como se sua mente estivesse lhe dizendo para manter a boca fechada. Seu rosto mais uma vez mostrou aquela expressão relaxada enquanto com um movimento de mão mostrou que não era tão sério.
— Você o conhece, ele gosta de coisas secretas e isso... — ele disse revirando os olhos. — Ei, sua amiga Pansy falou com você?
Erika franziu a testa em confusão.
— O que?
— Pansy? Pansy Parkinson da Sonserina? A garota bonita com cabelo preto, pálida e quase da sua altura. — Alex explicou, desenhando a garota com as mãos para cima enquanto falava com ela quase como se ela fosse uma garotinha.
— Eu já sei quem é Pansy! — Erika exclamou irritada enquanto revirava os olhos rapidamente. — Minha pergunta era sobre a parte da preocupação e amizade. Pansy não é minha amiga.
O rosto de Alex fez uma careta rápida e ele acabou franzindo os lábios enquanto Erika olhava para ele com a testa franzida ainda no rosto.
— Bom, você vai ter que contar isso a ela porque quando ela me perguntou sobre você ela se referiu a si mesma como sua amiga. — Alex disse a ela e então fez uma careta, sentindo-se mal pela Sonserina.
— Ela não vai morrer se não souber de mim. — Erika murmurou, cruzando os braços. — Acho que vou falar com ela quando topar com ela.
— Boa sorte, prima. — Alex disse soltando uma risada curta. — A propósito... Como você está para o jogo da Grifinória contra a Lufa-Lufa?
Erika imediatamente mudou sua expressão para uma de confiança ao olhar para o primo, quase esquecendo que sua cabeça latejava como se houvesse um macaco com pratos. A partida contra a Grifinória seria em mais algumas semanas, ela finalmente enfrentaria Alex no campo de quadribol para se vingar da vez em que a venceu no estúpido treino com os manequins de teste.
— Totalmente confiantes de que vamos acabar com vocês. — Erika disse a ele, movendo as sobrancelhas com confiança.
— Nossa, espero que você não comece a sangrar no ar. — o garoto zombou enquanto empurrava a cabeça do Lufa-Lufa com o dedo indicador.
Erika riu e o empurrou de brincadeira, e eles saíram até a garota de olhos azuis descer para a sala comunal. Alex se despediu com um pequeno sorriso, deixando-a finalmente sozinha. Enquanto descia as escadas, a única coisa em que conseguia pensar era em chegar lá, beber um chá relaxante e adormecer.
Ela realmente esperava que o conselho de Snape a ajudasse, para que seu pai não tivesse tanta facilidade em entrar em sua cabeça.
E isso para este capítulo! O segundo ato está chegando ao fim e os capítulos serão longos, com muitos conteúdos.
Obrigada por ler! ❤️❤️
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